História

HISTÓRIA DA UNICAMP


Jovem, mas com tradição


A Unicamp foi oficialmente fundada em 5 de outubro de 1966, dia do lançamento de sua pedra fundamental. Mesmo num contexto universitário recente, em que a universidade brasileira mais antiga tem pouco mais de sete décadas, a Unicamp pode ser considerada uma instituição jovem que já conquistou forte tradição no ensino, na pesquisa e nas relações com a sociedade.


O projeto de instalação da Unicamp veio responder à crescente demanda por pessoal qualificado numa região do País, o Estado de São Paulo, que já na década de 60 detinha 40% da capacidade industrial brasileira e 24% de sua população economicamente ativa.


Uma característica da Unicamp foi ter escapado à tradição brasileira da criação de universidades pela simples acumulação de cursos e unidades. Ao contrário da maioria das instituições, ela foi criada a partir de uma idéia que englobava todo o seu conjunto atual. Basta dizer que, antes mesmo de instalada, a Unicamp já havia atraído para seus quadros mais de 200 professores estrangeiros das diferentes áreas do conhecimento e cerca de 180 vindos das melhores universidades brasileiras.


A Unicamp tem três campi — em Campinas, Piracicaba e Limeira — e compreende 22 unidades de ensino e pesquisa. Possui também um vasto complexo de saúde (com duas grandes unidades hospitalares no campus de Campinas), além de 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos e uma série de unidades de apoio num universo onde convivem cerca de 50 mil pessoas e se desenvolvem milhares de projetos de pesquisa.


O ensino conjugado à pesquisa


A Unicamp tem uma graduação forte com um grande leque de cursos nas áreas de ciências exatas, tecnológicas, biomédicas, humanidades e artes. Por outro lado, é a Universidade brasileira com maior índice de alunos na pós-graduação – 48% de seu corpo discente – e responde por aproximadamente 12% da totalidade de teses de mestrado e doutorado em desenvolvimento no País.


A qualidade da formação oferecida pela Unicamp tem tudo a ver com a relação que historicamente mantém entre ensino e pesquisa. Tem a ver também com o fato de que 86% de seus professores atuam em regime de dedicação exclusiva e 97% têm titulação mínima de doutor.


Isso faz com que os docentes que ministram as aulas sejam os mesmos que, em seus laboratórios, desenvolvem as pesquisas que tornaram a Unicamp conhecida e respeitada. E permite que o conhecimento novo gerado a partir das pesquisas seja repassado aos alunos, muitos dos quais freqüentemente delas participam — como é o caso dos estudantes de pós-graduação —, de um grande número de bolsas de iniciação científica para os alunos de graduação ou das atividades extracurriculares propiciadas pelas empresas juniores existentes em praticamente todas as unidades.


Levantamento por amostragem realizado recentemente mostrou que, dos aproximadamente 40 mil ex-alunos de graduação da Unicamp, 88,2% estavam empregados e que, desses, 48,3% ocupavam cargos de direção em empresas ou instituições públicas, 9,3% davam continuidade a seus estudos em nível de pós-graduação, 2,5% estavam desempregados e 1,8% eram constituídos de aposentados.


Ao dar ênfase à investigação científica, a Unicamp parte do princípio de que a pesquisa, servindo prioritariamente à qualidade do ensino, pode ser também uma atividade econômica. Daí a naturalidade de suas relações com a indústria, seu fácil diálogo com as agências de fomento e sua rápida inserção no processo produtivo.


Tal inserção começou já na década de 70, com o desenvolvimento de pesquisas de alta aplicabilidade social, muitas das quais logo foram difundidas e incorporadas à rotina da população. Exemplos: a digitalização da telefonia, o desenvolvimento da fibra óptica e suas aplicações nas comunicações e na medicina, os vários tipos de lasers hoje existentes no Brasil e os diversos programas de controle biológico de pragas agrícolas, entre outros.


Deve-se acrescentar a estas e às centenas de outras pesquisas em andamento um número notável de estudos e projetos no campo das ciências sociais e políticas, da economia, da educação, da história, das letras e das artes. A maioria dessas pesquisas não somente está voltada para o exame da realidade brasileira como, muitas vezes, tem-se convertido em benefício social imediato. No seu conjunto, elas representam em torno de 15% de toda a pesquisa universitária brasileira.


Atuando como uma autêntica “usina de pesquisas” e como um centro de formação de profissionais de alta qualificação, a Unicamp atraiu para suas imediações todo um pólo de indústrias de alta tecnologia, quando não gerou ela própria empresas a partir de seus nichos tecnológicos, através da iniciativa de seus ex-alunos ou de seus professores. A existência desse pólo, aliada à continuidade do esforço da Unicamp, tem produzido grandes e benéficas alterações no perfil econômico da região.


Fortes relações com a sociedade


A tradição da Unicamp na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias deu-lhe a condição de Universidade brasileira que maiores vínculos mantêm com os setores de produção de bens e serviços. A instituição mantém várias centenas de contratos para repasse de tecnologia ou prestação de serviços tecnológicos a indústrias da região de Campinas, cidade onde fica seu campus central. Localizada a 90 quilômetros de São Paulo e com uma população de 1 milhão de habitantes, Campinas é um dos principais centros econômicos e tecnológicos do país.


Para facilitar essa interação, a Unicamp conta, desde 2003, com uma Agência de Inovação, serviço que é hoje a porta de entrada para os empresários que necessitam modernizar seus processos industriais, atualizar seus recursos humanos ou incorporar a suas linhas de produção os frutos da pesquisa da Universidade.


Nas últimas décadas, o papel da Unicamp, como instituição geradora de conhecimento científico e formadora de mão-de-obra qualificada, atraiu para seu entorno um complexo de outros centros de pesquisa vinculados ao Governo Federal ou Estadual, além de um importante parque empresarial nas áreas de telecomunicações, de tecnologia da informação e de biotecnologia. Muitas dessas empresas — quase uma centena somente na região de Campinas — nasceram da própria Unicamp e da capacidade empreendedora de seus ex-alunos e professores. São as chamadas “filhas da Unicamp”, quase todas atuando nas áreas de tecnologia de ponta.


Além disso, a Unicamp tem se caracterizado por manter fortes ligações com a sociedade através de suas atividades de extensão e, em particular, de sua vasta área de saúde. Quatro grandes unidades hospitalares, situadas em seu campus de Campinas e fora dele, fazem da Unicamp o maior centro de atendimento médico e hospitalar do interior do Estado de São Paulo, cobrindo uma população de cinco milhões de pessoas numa região de quase uma centena de municípios.


Criação da Unicamp


A Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, criada pela Lei Estadual nº 7.655, de 28 de dezembro de 1962, alterada pelas Leis 9.715, de 30 de janeiro de 1967, e 10.214, de 10 de setembro de 1968, com sede e foro em Campinas, Estado de São Paulo, é uma entidade autárquica estadual de regime especial, na forma do Artigo 4º, da Lei Federal nº 5540, de 28 de novembro de 1968, com autonomia didático-científica, administrativa, financeira e disciplinar.


Rege-se pelos Estatutos, baixados pelo Decreto Estadual nº 52.255, de 30 de julho de 1969, pelo Regimento Geral, baixado pelo Decreto Estadual nº 3.467 de 29 de março de 1974, e pela legislação específica vigente.


Apesar de criada em 1962, a implantação efetiva da Unicamp somente foi realizada após a publicação do Decreto nº 45.220, de 9 de setembro de 1965, criando a Comissão Organizadora da Universidade.


Medicina, a primeira unidade


A campanha pela criação de uma Faculdade de Medicina em Campinas foi deflagrada em 1946, pelo jornalista Luso Ventura. Em 1961, a Campanha ganhou força dentro do Conselho de Entidades, que se organizou em 12 comissões. A mobilização foi tão intensa entre a comunidade, a imprensa e as Prefeituras da região que o Governo do Estado e a Assembleia Legistativa acabaram cedendo à pressão, e o sonho foi concretizado em 28 de dezembro de 1962, com a criação da Universidade de Campinas pela Lei Estadual nº 7.655.


Lideraram a Campanha junto com as entidades Roberto Franco do Amaral, Eduardo de Barros Pimentel, Ary de Arruda Veiga e Ruy Rodriguez.
Em 1963, foi autorizado o funcionamento da Faculdade de Medicina, provisoriamente instalada nas dependências da Maternidade de Campinas. Cantídio de Moura Campos, designado reitor da Universidade, assumiu em 13 de janeiro e exerceu o cargo por oito meses, com a responsabilidade principal de promover a sua instalação. Em fevereiro, foi contratado o primeiro docente, professor Walter August Hadler, para a cadeira de Histologia e Embriologia. Também em fevereiro foi nomeado diretor da Faculdade de Medicina o oftalmologista Antonio Augusto de Almeida. Em abril, foi realizado o primeiro vestibular, para o qual se inscreveram 1.592 candidatos, para as 50 vagas existentes. No mês de maio, foi instalada a Faculdade de Medicina, com aula inaugural realizada em 20 de maio pelo reitor da Universidade de São Paulo (USP), professor Antônio Barros de Ulhôa Cintra.


No mesmo mês, foi instalado o Conselho de Curadores da Universidade, sendo sua primeira reunião em 8 de maio. Em agosto, o governo paulista nomeou para a função de reitor o professor Mário Degni, que tomou posse em outubro. Sua gestão foi até setembro de 1965.


Projeto Zeferino


A Unicamp nasceu do propósito do governo de São Paulo de instalar no interior do Estado uma nova universidade que fosse uma grande escola de ensino superior e, ao mesmo tempo, um pujante centro de pesquisas. Quando se tratou de escolher quem a organizaria, o governo encontrou em Zeferino Vaz a pessoa com o estofo certo para a missão.


Ao aceitar a incumbência, Zeferino pediu carta branca para contratar, no Brasil e no exterior, quantos pesquisadores precisasse para o projeto. Foi assim que, antes mesmo da construção dos primeiros prédios, ele atraiu para as imediações do campus cerca de 200 pesquisadores estrangeiros e outros 180 que, como ele próprio (Zeferino foi diretor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto), aceitaram trocar suas instituições de origem pela nova universidade que nascia em um distrito de Campinas, Barão Geraldo, em gleba doada ao estado pela família Almeida Prado, proprietária da terra.


O projeto de instalação da Unicamp veio responder à demanda crescente por pessoal qualificado numa região do Brasil, o Estado de São Paulo, que já nos anos 60 detinha 40% da capacidade industrial do país e 24% de sua população ativa. Até então, o sistema de ensino superior estava voltado para a formação de profissionais liberais solicitados pelo processo de urbanização, como advogados, médicos e engenheiros civis. Necessitava-se, portanto, de uma universidade que desse ênfase especial à pesquisa tecnológica e mantivesse, desde o início, forte vínculo com o setor produtivo.


Projeto orgânico e coeso


Desse modo, diferentemente da tradição brasileira de crescimento cumulativo de suas universidades graças à justaposição de cursos e unidades, a Unicamp foi planejada como um projeto orgânico e coeso. A definição dos cursos a serem implantados demandou uma série de reuniões com representantes da indústria e da sociedade. As unidades e os laboratórios surgiram assim em função de necessidades concretas do mercado, que na época exigia engenheiros, químicos, físicos, biólogos, matemáticos e economistas, entre outros profissionais.


Apesar de criada em 1962, a implantação efetiva da Unicamp só foi realizada após a publicação do Decreto nº 45.220, de 9 de setembro de 1965, com a criação de uma comissão organizadora. Até aquela data funcionava na Universidade apenas a Faculdade de Medicina, unidade embrionária da instituição. A faculdade, uma antiga reivindicação da sociedade campineira, havia sido instalada no centro da cidade em 1963 e acabou sendo incorporada pela Universidade.


A Unicamp entrou na sua fase real de funcionamento após a autorização dada pelo Conselho Estadual de Educação, em 1966, para instalação dos Institutos de Biologia, Matemática, Física, Química e das Faculdades de Engenharia de Campinas, de Tecnologia de Alimentos e de Engenharia de Limeira. A seguir, em janeiro de 1967, foi incorporada à Unicamp a Faculdade de Odontologia de Piracicaba.


No final da década de 60 foram criados o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, a Faculdade de Educação, o Instituto de Artes e o Instituto de Geociências. O Instituto de Matemática e a Faculdade de Medicina passaram a ser designados, respectivamente, por Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação e Faculdade de Ciências Médicas.


Em março de 1977, agosto de 1984, julho de 1985 e setembro de 1986, respectivamente, foram criados o Instituto de Estudos da Linguagem, o Instituto de Economia, a Faculdade de Engenharia Agrícola, a Faculdade de Engenharia Elétrica e a Faculdade de Educação Física.


O Conselho Universitário, em outubro de 1989 e setembro de 1990, respectivamente, aprovou o desmembramento da Faculdade de Engenharia de Campinas em Faculdade de Engenharia Química e Faculdade de Engenharia Mecânica e a alteração de denominação da Faculdade de Engenharia de Limeira para Faculdade de Engenharia Civil. Posteriormente surgiram os cursos noturnos e cursos novos como os Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Terra e Fonoaudiologia, entre outros. Em maio de 2008, o Conselho Universitário aprovou a criação, em 2009, dos oito cursos no novo campus de Limeira.


O Campus
A planície onde se situa a Cidade Universitária "Zeferino Vaz", nome atribuído ao campus da Unicamp em Campinas, era parte da fazenda Rio das Pedras. Propriedade de João Adhemar de Almeida Prado, foi "vendida" pela quantia simbólica de um cruzeiro. Almeida Prado recebeu este valor das mãos do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.


O campus tem o nome do seu fundador e idealizador, professor Zeferino Vaz, falecido em 1981. Foi ele quem orientou a elaboração do plano diretor da Universidade para que o seu "traçado físico e urbanístico representasse o melhor relacionamento possível entre o conceito e a filosofia da Universidade, seus objetivos acadêmicos e de pesquisa, o caráter e as limitações do terreno, e os estágios de crescimento necessários". Pretendeu-se, na verdade, conjugar a filosofia da Universidade, que se pretendia implantar com sua implantação territorial.


Foi assim que outras propostas anteriores de doação de terrenos nas circunvizinhanças de Campinas foram rejeitadas. Não apenas os aspectos de infra-estrutura foram estudados, mas pensou-se ainda na perspectiva de evolução urbana da cidade, considerando-se a localização de indústrias e as possibilidades de acesso à Universidade.


O acesso não poderia acontecer apenas através do centro da cidade: seria fundamental a utilização das rodovias da região para facilitar a vinda das pessoas de outras cidades. Influenciou também na escolha a possibilidade da construção estratégica dos edifícios de pesquisa, considerando-se o desenvolvimento de atividades que fossem além das atividades de graduação, que orienta a maioria dos projetos de construção de prédios para universidades. A Unicamp deveria ser matriz geradora de docentes e pesquisa para o País, voltada à pesquisa e à pós-graduação.


Essa condição foi determinante para que as três áreas do conhecimento fossem alocadas em três grandes setores: Ciências Exatas, Ciências Biológicas e Humanidades. Esses setores teriam ligações a extensões como o Hospital das Clínicas, Centro de Tecnologia e Centro de Vivência etc. O início da implantação, entretanto, exigia uma ocupação territorial com flexibilidade para permitir a expansão das áreas de pesquisa frente à demanda de novas atividades.


O primeiro edifício construído foi o do Instituto de Biologia, em 1968. Hoje, a área do campus atinge quase três milhões de metros quadrados e está repleta de prédios rodeados por parques e gramados. O plano inicial sofreu alterações e adaptações devido às novas exigências que foram acontecendo em virtude do desenvolvimento da Universidade.


O Logotipo


Idealizado pelo professor Zeferino Vaz e criado pelo artista plástico Max Schiefer e pelo arquiteto João Carlos Bross, na década de 1970, o logotipo da Unicamp foi desenhado a partir do Plano Diretor da universidade. O significado é o conhecimento numa forma amorfa e sem contorno.


A bola branca, dentro das 13 listras que representam a bandeira paulista, é o símbolo da unidade, grande ponto de encontro de pessoal e principalmente do conhecimento humano, simbolizado pelas três circunferências vermelhas: Ciências, Exatas e Humanidades.


Atuando em conjunto, essas três áreas do conhecimento irradiam-se para a coletividade, cumprindo as três funções da Universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão.

"Universidade: palavra derivada da expressão grega uni-versitas, ou seja unidade na versatilidade, ou, ainda, unidade na universatilidade dos conhecimentos humanos. Sempre unidade, um só organismo com a função básica de transmitir, gerar e aplicar conhecimentos, e sempre no encalço do objetivo maior e também razão de ser da imprescindível unidade: o bem-estar físico, espiritual e social do homem."


HISTÓRIA DE BARÃO GERALDO


Em 1799, quando da fundação de Campinas, o Brigadeiro Luiz Antônio de Souza instalou alguns engenhos de sua propriedade nas sesmarias de sua família. A família Marques de Valença comprou em 1850, parte dessas terras como nome de Fazenda Santa Genebra, que foi herdada por Geraldo Maria Ribeiro de Souza Rezende, que para ali se mudou em 1876. Geraldo de Rezende, Barão casou-se com Maria Amélia, filha do conselheiro e desembargador Albino José Barbosa de Oliveira, em 1889 e que era proprietário Fazenda Rio das Pedras. Ele, que empregou em suas terras os primeiros imigrantes alemães, também financiou a Estrada de Ferro Funilense, construída para ligar Campinas ao Núcleo Colonial Campos Salles, (atual Cosmópolis). Sua inauguração, em 18 de Setembro de 1899 foi um importante marco na história da região, pois a partir daí iniciou-se o Núcleo Fundador do Bairro, que ficou conhecido como Barão Geraldo.


Ao lado da estação da Funilense, foi construída a capela de Santa Izabel e instalada um comércio para atender às famílias que trabalhavam nas fazendas.


Os anos 40 marcam o início da sua urbanização e com a instalação da Empresa Rhodia a industrialização do local levou a novos e sucessivos loteamentos.


Em 30 de Setembro de 1953, graças ao trabalho da Comissão Representativa de Cidadãos, Barão Geraldo é elevado à categoria de Distrito, através de decreto-lei, assinado pelo então governador do Estado de São Paulo, Lucas Nogueira Garcês.